A prática da meditação é bem conhecida em todas as culturas, mas gostaria de repetir um ponto vital, algo para usar logo que você se sentar, e que muitos dos grandes mestres do passado mencionaram como o verdadeiro ponto de partida: encontrar o seu próprio assento.
Encontrar o próprio assento se faz assim: primeiro, formule um desejo suave, tão bondoso e nobre quanto puder. Depois, perceba que seu corpo está sentado — sobre a almofada ou numa cadeira —, perceba que sua mente, essa atenção presente, está dentro desse corpo, e perceba que essa mente tem a disposição de acolher o sentar com gentileza.
Após reconhecer isso, permaneça assim por alguns instantes. Conforme o grau de familiarização com o estado natural, esse “permanecer” pode assumir a forma de uma quietude simples, uma gentileza suave, uma inteligência relaxada e curiosa, ou um estado de consciência desperta e, ao mesmo tempo, desprendida. Isso é algo muito individual.
Você pode se conectar com essa base simples do ser de forma bem normal. Se, por exemplo, você estiver se sentindo estressado ou desconfortável — física ou mentalmente — meu mestre de meditação ensinou um pequeno truque para retornar ao seu assento natural, algo que tem efeito imediato. Isso não significa se tornar um buda, iluminado, ou a “sabedoria nua” do Dzogchen — de modo algum. Significa apenas retornar a um jeito muito simples de ser você mesmo.
A abordagem simples e direta às tarefas é bem popular hoje em dia, numa época em que até o instantâneo às vezes não é rápido o suficiente. Mas o método mais profundo é aquele que funciona para você agora, que liberta sua mente — mesmo que só por um breve instante.
Mas e quando essa mente agitada tem dificuldade de simplesmente ser? O que fazer?
Felizmente, o Buda Sakyamuni, Padmasambhava e muitos mestres realizados deixaram um oceano de métodos, para que nós — e todos os outros — possamos avançar e realizar qualidades sublimes. O estilo e a profundidade, e se são métodos simples ou complexos, dependem inteiramente de você: a mente a ser treinada, libertada e realizada.
Para começar a meditação, formule um desejo bondoso, o mais altruísta e amplo que conseguir. Em seguida, encontre seu assento natural. A meditação é um treinamento em retornar ao seu assento natural. Toda vez que você se distrair, simplesmente volte — com suavidade e repetidamente. Ao final, deseje que esse seu treinamento seja útil para todos. Esta é a base simples de estar vivo neste corpo e neste mundo. Um verdadeiro santuário dentro do seu próprio ser, real.
Tradução livre do original https://levekunst.com/finding-your-own-seat/
Foto de https://morguefile.com/